Qual é sua perspectiva de contratação de mão de obra para o final do ano? E de reposição de estoques?
Nós estamos passando por um momento difícil na economia brasileira, e as expectativas apontam para um segundo semestre difícil. No entanto, apesar de vários indicadores apontarem para a desaceleração da economia, penso que entre novembro e dezembro, especialmente neste último, algumas contratações devem acontecer. Dezembro é um mês especial, e geralmente o comércio e os serviços contratam trabalhadores para o período do final de ano.
O Programa de Proteção ao Emprego (PPE), lançado pelo governo federal, pode evitar prováveis demissões no setor produtivo, e isso contribui para manter a economia funcionando e para criar perspectivas positivas para o trabalhador. Além do PPE, o governo anunciou a redução da tarifa de energia (bandeira vermelha), podendo reduzir os custos para o setor privado e os consumidores. O fim do ciclo de alta da taxa Selic e a perspectiva do governo de conduzir os instrumentos de controle da inflação e levá-la para o centro da meta (4,5%), como indicou a Ata do Comitê de Política Monetária (Copom), podem também proporcionar um horizonte com expectativas positivas e proporcionar aos empresários a revisão de seus planos de investimentos no médio e no longo prazo.
Enfim, esperamos sair dessa crise, pois os empresários têm a capacidade de superar as adversidades que a economia em crise impõe.
Como o senhor vê a evolução da economia/comércio em seu estado até o final do ano?
Sergipe foi um estado que demorou para sentir os efeitos da crise, pois vínhamos apresentando um comportamento um pouco descolado da economia brasileira. A economia sergipana resistiu aos efeitos perversos da crise econômica até quando pôde, e os empresários mantinham suas empresas com foco na continuidade dos investimentos e na manutenção dos empregos.
A partir do mês de maio deste ano a economia em Sergipe começou a desacelerar, e alguns indicadores apresentaram resultados negativos, impondo aos empresários uma nova estratégia para os negócios.
Do ponto de vista do setor do comércio, em particular, a situação é difícil. Assim como em todo o Brasil, o comércio em Sergipe enfrenta dificuldades (redução do volume de vendas, estoque nas lojas, aumento da inadimplência e demissões). Essa situação vai exigir de todos, empresários e governo, uma estratégia para enfrentar a crise. No curto prazo, ou seja, até o final do ano, espero que alguns indicadores melhorem, e a economia chegue ao final do ano um pouco melhor.
Na área de serviços, que medidas prudenciais devem ser adotadas pelos empresários?
O setor de prestação de serviços com preponderância em provimento de mão de obra tem sofrido uma redução significativa nos últimos meses. Os postos de trabalho desapareceram. Historicamente, em todos os ciclos de crise as empresas de prestação de serviços de mão de obra diminuem. O primeiro foco de combate é sobre o contrato de terceirização. A solução é inovar por meio da ampliação do portfólio de serviços e estender os negócios a outras regiões.
A alta de gastos do setor – como energia, pessoal, combustíveis – tem afetado os negócios?
Sim, todos são primordiais para os negócios. Quando os preços de alguns insumos, como energia e combustíveis, aumentam, isso pode se refletir em outras áreas das empresas, como a de pessoal, com a possibilidade de demissões. Não custa lembrar que os preços do combustível e da energia são administrados pelo governo, e estes têm contribuído para o aumento dos custos das empresas, assim como da inflação. Como o governo acenou com a redução do preço da energia (tarifa vermelha), esperamos que realmente essa ação possa contribuir para a competitividade das empresas e, portanto, da economia.
A inflação é a maior vilã para o comércio atualmente?
Se não for o maior, é um deles, com certeza. A inflação diminui o poder de compra das pessoas; os consumidores priorizam seus gastos e deixam de consumir alguns bens. Se os consumidores deixam de consumir, o comércio é o maior prejudicado. Juros, crédito caro e inflação derrubam o poder de compra dos consumidores. Todo esse conjunto de indicadores contribui para um cenário desfavorável ao consumo e portanto, ao comércio.
Quais as alternativas para o empresariado do comércio de bens, serviços e turismo no cenário econômico até o final de 2015?
É importante deixar claro que os empresários estão trabalhando e fazendo o possível para manter seus investimentos e negócios. Com base nesse fato, todos estão se esforçando para manter sua capacidade de produção, de venda de bens e de serviços, ou seja, contribuindo para que o Brasil não pare.
Original : http://www.cnc.org.br/noticias/acoes-institucionais/entrevista-laercio-oliveira-vice-presidente-da-cnc-e-presidente-da-fec
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