De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), analisada pelo Núcleo de Inteligência de Mercado do Sistema Fecomércio-Sesc-Senac de Sergipe, do mês de junho, 78,7% das famílias sergipanas se encontram em condição de endividamento. Com o valor apontado, os estudos da equipe da Fecomércio se direcionaram para o entendimento de como as pessoas estão em situação de dívidas e sua possibilidade de pagamento.
De acordo com o cálculo realizado pela Fecomércio, as famílias sergipanas têm um valor médio de dívida de R$ 3.450, somando-se todas as faixas salariais. Sendo que as dívidas menores estão na faixa das famílias que recebem de 1 a 2 salários-mínimos, com o valor médio de R$ 1.600 em contas atrasadas. O principal fator que leva ao endividamento das famílias é o consumo na modalidade de cartões de crédito, que é alegado por 97,2% dos consumidores. Ou seja, a compra no crédito imediato é a principal razão das dívidas dos sergipanos.
Inadimplência e insolvência
De acordo com a pesquisa, 21,3% das famílias sergipanas endividadas se encontram em condição de inadimplência, com contas atrasadas não pagas. O número cai para 3,7% no que diz respeito à condição de insolvência, que é a completa impossibilidade de pagamento das dívidas. Em números gerais, de cada 100 famílias sergipanas, 18 estão com contas atrasadas e 3 estão sem nenhuma condição de honrar com seus compromissos. O presidente do Sistema Fecomércio-Sesc-Senac, Marcos Andrade, comentou o resultado da análise.
Marcos Andrade, presidente do Sistema Fecomércio-Sesc-Senac. Imagem: Marcio Rocha
“Sergipe é um estado no qual a taxa de inadimplência diante da população geral é baixa, e a de insolvência é muito menor. Mas devemos atentar para que as dificuldades econômicas dos últimos tempos têm sido fator contributivo para a dificuldade de as pessoas arcarem com seus compromissos. O valor médio de dívidas dos sergipanos se aproxima de três salários-mínimos, o que devemos considerar que para as famílias mais pobres é complexo para pagamento. Daí vem uma boa alternativa de recuperação de crédito, que é o Desenrola, o que é positivo para o comércio, devolvendo pessoas ao mercado de consumo”, avaliou Andrade.
Desenrola Brasil
Nesta semana foi iniciado o programa “Desenrola Brasil”, que visa reduzir o endividamento das famílias, através de ações direcionadas para as pessoas, dando oportunidade de recuperação de crédito, através de negociações com as instituições financeiras. O programa extinguirá as dívidas de quem tiver valores até R$ 100, deixando o nome limpo para que a pessoa volte para o mercado de consumo.
Marcos Andrade, o vice-presidente do sistema Fecomércio, Alex Garcez, o secretário de Estado do Trabalho e Empreendedorismo, Jorge Teles, o superintendente executivo da Setur, Gustavo Paixão, e da Seteem, Rafael Melo, discutem os benefícios do Desenrola Brasil para o comércio. Imagem: Marcio Rocha
Para as pessoas que têm renda de até dois salários-mínimos, as dívidas contraídas até 31 de dezembro de 2022 poderão ser negociadas diretamente com os bancos, com condições especiais de prazo e negociação dos juros sobre o valor. Pessoas com renda de até R$ 20 mil também podem negociar com os bancos o pagamento de suas contas em inadimplência. Acerca das dívidas das famílias, o economista do Sistema Fecomércio-Sesc-Senac, Marcio Rocha, explica como elas têm afetado as famílias e a importância do Desenrola neste momento.
“A grande maioria das dívidas das famílias mais pobres é criada para que possam se manter. Num cenário econômico em que as contas básicas e alimentos encareceram consideravelmente nos últimos anos, além do desemprego e dificuldade de recuperação de postos de trabalho, bem como os juros altos para contratação de crédito as famílias mais pobres se endividam para pagar as contas da casa, para se alimentar, para custear despesas cotidianas. E o Desenrola chega em um momento de dificuldades econômicas para os mais pobres, principalmente, dando uma oportunidade de negociação para que essas pessoas possam limpar o nome e voltar ao mercado, tendo crédito. Entretanto, não é somente o programa que deve trabalhar para diminuir as dívidas das pessoas. É necessário uma soma de fatores, como redução da inflação, recuperação de empregos e redução da taxa de juros”, afirmou.
O tempo médio de atraso nas dívidas dos sergipanos é de 64 dias. O comprometimento de tempo com dívidas familiares atingiu, segundo o estudo, 34 semanas. Já a parte da renda familiar comprometida com dívidas é de 31%. O presidente Marcos Andrade, discutiu em reunião com o secretário de Estado do Trabalho, Jorge Teles, sobre o que o Desenrola poderá fazer para beneficiar o mercado de trabalho. Teles, destacou que com a volta dos consumidores, haverá elevação do comércio e novos trabalhadores serão contratados com o avanço dos negócios.
“O Desenrola é muito importante, na medida em que vai inserir milhares de sergipanos, que hoje estão impossibilitados de consumo, de contrair crédito, porque seu nome está negativado. Desse modo, o programa vai ajudar no mercado de consumo, com a volta desses consumidores com compras a prazo. Voltando a comprar parcelado, os consumidores farão a roda da economia girar mais, grando novos negócios, novos empregos para os sergipanos. Não tenho dúvida que a Fecomércio, como estimulante da economia, do comércio, estimula a geração de emprego, apoiando iniciativas como essa”, comentou o secretário.
O Sistema S do Comércio é composto pela Fecomércio, Sesc, Senac, Instituto Fecomércio e 12 sindicatos patronais em Sergipe. Presidida por Marcos Andrade, a entidade é filiada à Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que está sob o comando de José Roberto Tadros.
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