O Brasil é um país que pode se projetar no mercado mundial com expansão das atividades do comércio exterior, aumentando sua captação de recursos internacionais para o desenvolvimento da renda per capita, ampliando o volume de arrecadação no Produto Interno Bruto (PIB), e Sergipe pode surfar nessa onda. Esta é a visão do economista e cientista político formado pela Universidade de Chicago, consultor do Banco Interamericano de Desenvolvimento e CEO da Oeconomica, Rodrigo Han.
O gabaritado profissional, com atividades desenvolvidas para grandes corporações brasileiras e conglomerados empresariais multinacionais, palestrou no Ciclo de Diálogos Empresariais, promovido pela Fecomércio Sergipe, na última quinta-feira (08), para mais de 120 empresários, estudantes das áreas de administração e economia, profissionais liberais, comerciantes e industriários. Han, em sua conversa com os empresários presentes, falou sobre a configuração do cenário econômico sergipano diante do mercado internacional, comentando a condição de desenvolvimento em que Sergipe pode se enquadrar para fortalecer sua economia.
“Sergipe tem um grande potencial de desenvolvimento para sua indústria e comércio exterior. Há uma grande capacidade expansão industrial do estado. Se os empresários do comércio de Sergipe trabalharem com foco no comércio exterior, existem mercados em todos os continentes com poder de absorção dos produtos sergipanos. O desenvolvimento econômico do estado tende a se estender sem limites, o que resulta no aumento do PIB e fortalece o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do estado. O BID tem essas oportunidades para o desenvolvimento empresarial, com vistas no desenvolvimento social e econômico das regiões”, destacou Rodrigo Han.
O economista traçou um paralelo entre as economias da Coreia do Sul e do Brasil, como exemplo do potencial desenvolvido na economia com foco no comércio exterior. Rodrigo Han mostrou que o PIB brasileiro é composto por 27,4% de recursos angariados por meio do comércio exterior, contra 84,8% da Coreia do Sul, uma economia focada na realização de atividades com objetivo de venda para o mercado mundial.
“Os dois países, tanto Brasil, quanto a Coreia do Sul, no pós-guerra, estavam na mesma linha de recursos com transações de comércio exterior, isso nos anos 60. Contudo, a partir da década de 80, a Coreia partiu para um desenvolvimento muito grande, chegando ao atual índice do PIB, muito próximo ao brasil, mas com uma população e uma área territorial bem menores. Quem investe em comércio exterior tem muito mais retorno em desenvolvimento econômico e social, fortalecendo a economia, criando oportunidades de trabalho, aumentando a renda populacional”, disse Han.
Rodrigo Han lembrou em sua palestra que o PIB per capita brasileiro é de pouco mais de US$ 9.850, comparando com o da própria Coreia, com economia focada no comércio exterior, que tem por habitante o volume de renda bruta de 27.400 dólares, ressaltando que a economia brasileira é a nona mais robusta do mundo e a coreana, a décima primeira. Para o cientista político, se houver mais investimentos na orientação para exportação industrializada, por meio das ações de comércio exterior, a economia brasileira poderá ter um salto progressivo de resultados positivos para todo o contexto nacional.
Sobre Sergipe, o economista lembrou que o estado está deficitário em sua balança comercial. O comércio exterior sergipano fechou o ano de 2015 com um saldo deficitário de -118.160.546,00 dólares, importando mais produtos que exportando para outros países. No ano de 2016, o saldo negativo sergipano já é de -32.450.191,00 dólares. Segundo ele, os oito principais produtos sergipanos direcionados para exportação perfazem mais de 90% do total de recursos auferidos. O destaque das vendas do estado para o mercado mundial se dá por meio da indústria de sucos, que chega a mais de 70% do total de exportações. Somente os sucos de laranja e abacaxi respondem por 63% das exportações sergipanas. O baixo nível de industrialização do estado leva ao pouco aproveitamento no comércio exterior. O produto de origem industrial mais vendido para fora do país é tubo de alumínio, que responde por apenas 8% do total das exportações sergipanas. O país que mais compra produtos sergipanos é a Holanda, que detém a grande fatia de compra de 54% do total exportado.
A deterioração econômica do Brasil é a pior dos últimos 25 anos, segundo o economista Rodrigo Han. Ele comentou com os empresários que o país vive uma situação de desemprego recorde, com 10,2% da população em condição para trabalhar, com um volume de mais de 12 milhões de pessoas sem emprego. Ele lembrou que o capital externo, é uma fonte de renda importante para que o país possa desenvolver projetos de recuperação econômica.
“Precisamos de capital externo, porque o Brasil não tem poupança interna para investir em grandes projetos. O mercado externo é um aliado para o desenvolvimento empresarial, social e econômico do país. Há uma grande capacidade dos empresários sergipanos em exportar produtos, serviços, tecnologia, explorar nichos de mercado, exportar projetos”, finalizou o economista.
Para o presidente da Fecomércio, Laércio Oliveira, o evento foi um sucesso e a participação empresarial, além dos interessados em economia, foi muito importante.
“Esse foi um dos nossos melhores eventos, com uma plateia muito participativa e que procurou saber muito mais sobre os assuntos relacionados ao comércio exterior com o Dr. Rodrigo. O tema foi esclarecedor e certamente, muitos dos empresários que participaram aproveitarão o conhecimento transmitido para a melhoria do desenvolvimento de seus negócios, com objetivo de trabalhar o processo de exportação”, afirmou Laércio.
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