A comunicação interna sempre existiu, as gerências de RH desde sempre buscaram deixar os colaboradores informados das ações, dos eventos, das resoluções e demais notícias. Desde as mensagens no rodapé do contra-cheque (que ninguém lia), passando pelo telex, fax e chegando no email, a comunicação interna esteve sempre ali, esperando ganhar uma atualização à esquerda da vírgula e subir de nível. A comunicação interna corporativa sempre existiu, mas nem sempre funcionou como deveria funcionar.
Os murais informativos foram ganhando espaço, sempre ao lado do relógio de ponto, claro. Evoluíram e chegaram a um nível interessante de interação. Os colaboradores passaram a mandar mensagem pelo email para responder questões, pesquisas ou mesmo anúncios, postados no mural.
É certo que a Rádio Pião, Rádio Corredor ou qualquer outra nomenclatura dessa forma de comunicação é, talvez, a mais rápida e menos eficaz. A gente sabe para quem exatamente precisa contar alguma coisa e diz “Vou te contar uma coisa aqui da empresa, mas pelo amor de Deus, não conte a ninguém”, pronto, a empresa toda sabe.
A informação sempre circula. Certa ou errada, ela circula, mas sempre teremos alguém que dirá que não viu, não recebeu, que não sabia e que a culpa…É da Comunicação. Até porque, em uma empresa que tem mais de dois colaboradores, fatalmente, a informação circulará com defeito.
Uma boa comunicação interna precisa ir além da informação simples. Passar simplesmente uma informação para o colaborador não garante nada. Nem que ela chegou e muito menos que ela foi lida. Uma boa comunicação precisa unir a produção e trazer o colaborador para interagir com a informação.
Informar, produzir e interagir. Uma nova comunicação interna ávida por resultados precisa transitar, entender e abraçar essas três palavras. Já se foi o tempo em que repassar notícias, recados, informes e os aniversariantes do mês eram as ações de uma comunicação interna corporativa.
Tudo era enfiado goela abaixo do colaborador. As notícias, os avisos, os eventos. Essa via de mão única satisfazia as gerências de RH e as assessorias de comunicação, sendo tudo centralizado em um setor ou até em uma pessoa. Intranet atualizada, email enviado, objetivo cumprido. Isso, deixem-me dizer, acabou.
Já não se consegue separar a comunicação interna do endomarketing. Tudo agora passa pela opinião, pela construção do conteúdo, pela voz do colaborador. É ele que construirá o conteúdo da sua comunicação interna. O colaborador é o verdadeiro defensor da sua empresa, é ele que entende, vive e compreende o seu produto e o seu serviço. É preciso uma ferramenta que coloque o colaborador como protagonista.
A informação hoje sobrevoa nossas cabeças por todas as vias possíveis e imagináveis. Por todos os lados a informação surge. E urge consumir esse poder. As pessoas querem a informação. As pessoas levantam a mão e saltam em busca da informação. É preciso saber usar esse poder e a grande responsabilidade que ele traz.
É a vez do colaborador. É a hora do impacto que a comunicação interna pode causar na gestão de pessoas. A comunicação interna caminha por uma nova estrada, de mão dupla, com várias e várias vias de cada lado, e não adianta encostar o carro na berma. A informação agora precisa ir e voltar. E o colaborador, seu bem mais precioso, é o melhor recurso para isso.
As plataformas de people analytics surgem e tomam conta da internet. O Feedz, do Gabriel Leite, o Fluig, da Totvs e o Workplace, do Facebook, são exemplos da mais alta qualidade. Revolucionar a cultura e a gestão de pessoas na empresa é o objetivo. Pesquisas, humor e engajamento, além de outras ferramentas, permeiam esse novo mundo da informação. É preciso entender o comportamento do colaborador e fazer com que ele contribua com as decisões e com os caminhos da informação.
O Núcleo de Comunicação e Marketing da Fecomércio em Sergipe vem desenvolvendo um novo projeto que ganhou o nome de Intra-S (Intranet Social Corporativa). Uma equipe multidisciplinar passa os dias a pesquisar as diversas plataformas de people analytics e de gestão de pessoas. Reunir as ideias que já existem, unindo com a estrutura das entidades do comércio de bens, serviços e turismo, é a grande ideia.
O escopo é o colaborador. O que ele está sabendo, fazendo e multiplicando? Informar, produzir e interagir é buscar construir o conteúdo juntos, em um processo cíclico, rápido e eficaz. Ter a informação nas mãos, em tempo real.
A intranet então se transforma. Essa ferramenta tão presente nas empresas, desejada pelas gerências de recursos humanos e refém das assessorias de comunicação, deixará de ser território com baixa demografia e passará a ganhar infraestrutura de cidade grande. A intranet que conhecemos começa a abandonar o estereótipo de simples website para ganhar personalidade, cor, controle e produção. Uma simples ferramenta que ganha status de plataforma.
Aliando-se aos costumes das Redes Sociais, um novo conceito de intranet começa a ser descoberto e entra em mutação contínua. A informação se torna dinâmica. A produção, suas etapas e seu acompanhamento ganham forma. Os colaboradores interagem, compartilham conhecimento e constróem o conteúdo.
Esqueça os websites duros das intranets corporativas. Jogue fora as informações irrelevantes e traga o colaborador para caminhar ao seu lado. Faça-o se enxergar na primeira tela. Nada de barras de rolagem, calendário de aniversariantes ou avisos de salário na conta. Uma interface tranquila, customizável, que seja direcionada e que traga as informações que fazem sentido a quem está em frente ao computador.
Promova suas ações, acompanhe tarefas passo-a-passo, compartilhe conhecimento. A Intranet Social Corporativa é o novo caminho.
* André Gusmão é Coordenador de Comunicação e Marketing do Sistema Fecomércio/Sesc/Senac em Sergipe.
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